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Introdução
A Academia Brasileira de Ciências (ABC), fundada em 1916, apresenta propostas para que o desenvolvimento sustentável e socialmente justo do Brasil incorpore decidida e definitivamente ciência, tecnologia e inovação como política de Estado. No mundo contemporâneo é essencialmente impossível a criação de bons empregos, o combate à pobreza, a redução da desigualdade e o fortalecimento da governabilidade democrática sem uma substantiva melhoria da educação, o uso intensivo de ciência, a aplicação das tecnologias localmente mais eficientes e a introdução da cultura da inovação em toda a sociedade.
O Brasil reúne condições ímpares para utilizar eficientemente ciência, tecnologia e inovação em um projeto
de desenvolvimento ousado e transformador que contribua para reduzir as desigualdades, melhorando o nível de vida da população e colocando o país em um lugar de destaque no cenário internacional. A competência
científica já instalada, a complexa infraestrutura de apoio à pesquisa consolidada ao longo dos últimos anos,
sua dimensão territorial, sua população e a diversidade de seus ecossistemas permitem este caminho.
Ao mesmo tempo, deve ser preservado o espaço da ciência básica como indutora de grandes transformações científicas e tecnológicas e promotora de uma cultura da verdade e do conhecimento.
O pleno proveito dessas condições favoráveis requer, no entanto, a fixação de prioridades que removam importantes obstáculos ao desenvolvimento nacional. Esses obstáculos incluem a precária escolaridade dos brasileiros, os atuais baixos investimentos em infraestrutura, a insuficiência de recursos governamentais para
o apoio à pesquisa e à inovação, e o baixo investimento em pesquisa e desenvolvimento de empresas instaladas no Brasil. É preciso reconhecer que, não obstante os grandes avanços da ciência brasileira nas últimas décadas, o Brasil ainda segue, com raras exceções, uma agenda internacional de pesquisa (ou seja, a ciência cujas linhas mestras são ditadas pelas economias centrais, sem, ou com pouca, especificidade em relação às demandas nacionais), o que pode limitar o seu protagonismo global. É necessário, assim, alcançar-se um novo patamar de desenvolvimento científico e tecnológico, em que o país seja proativo na formatação de agendas internacionais de pesquisa, envolvendo ciência, tecnologia e inovação.
As considerações e propostas a seguir referem-se a aspectos gerais da política para ciência, tecnologia e inovação. Observações e recomendações mais detalhadas, relativas a diversas questões da educação, da ciência e da inovação tecnológica no Brasil, podem ser encontradas em documentos da ABC, da série “Estudos Estratégicos”, disponíveis em , bem como no Livro Azul da 4a. Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, disponível em //www.cgee.ponsystem.com/publicacoes/livroazul.php.
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